A morte não é cercada senão de cerimônias lúgubres que aterram mais, do que provocam esperanças. Ela nós apresentada sempre como e sob o aspecto repelente, e jamais igual a um sono de transição; todos os seus emblemas lembram a destruição do corpo e o mostram horrível e descarnado; nada vemos em um velório algo que simboliza a alma se desprendendo radiosa de seus laços terrenos.
A partida para esse mundo mais feliz não é acompanhada senão pelas lamentações dos sobreviventes, como se acontecesse a maior desgraça aos que se vão. Dizem-lhe um eterno adeus, corno se não mais devesse vê-los; o que se lamenta por eles são os gozos daqui de baixo, como se não devessem achá-los maiores. Que desgraça...dizem, morrer quando se é moço, rico, feliz e se tem pela frente um brilhante futuro! A ideia de uma situação mais feliz apenas aflora ao pensamento, porque não tem raízes. Tudo, pois, concorre para inspirar o pavor da morte em vez de fazer nascer a esperança. O homem levará muito tempo para desfazer essa dúvida, desses preconceitos, mas logo chegará um dia que fé se firmará, lhes mostrando que a morte é uma ideia mais sã da vida espiritual.