Acordamos,
o calçado ao lado da cama nos impulsiona ao primeiro ato, o banheiro num
segundo e assim por diante. Esse dia vai ser corrido como os outros, o café
pela metade, a velocidade do carro, o trabalho nos embrulha dos pés ao pescoço,
a mente entra em turbilhão, projetos precisam ser terminados, tem prazo,
existem prazo para tudo, correria geral e nesse ínterim o vazio,...Preciso
parar, esqueci...deu um branco afinal esquecemos de algumas coisas. Caímos de
cabeça nos projetos nas perspectivas dum futuro em si duvidoso, penso que vez e
outra uma quarta, sexta ou sábado, talvez sobre um tempo para mim, talvez para
filhos, esposa, namorada, amigos. Mensuro emprego, notícias, famílias,
mas e a vida não consigo medi-la? Creio que não, quem sabe num determinado
tempo lá na velhice, num infortúnio, no enterro do amigo ou parente, nascimento
do filho. Interessante, não? Creio até que existem dois momentos que damos um
pouco de valor à vida, um no nascimento de alguém desejado, outra a morte do
bem querido, aí sim damos valor.
Mas felizmente de todo sono profundo
sempre se acorda, e a partir disso, aprendo a olhar o céu, filhos, amigos e descubro que
sobrepujei problemas, desafios incontestáveis. Leituras e bons
pensamentos tem se feito presente, atraí o que desejava. Paz. Fiz o que era certo, me atrevendo até a contrariar Fernando Pessoa quando
diz” O que me dói não é o que há no coração, mas essas coisas lindas que nunca
existirão”, Elas existem sim, eu sonho sei meu destino, dia à dia alargo
horizontes, minuto à minuto me torno solidário, ainda bem que estou
acordando. Agora, o chinelo ao lado da cama já não me impulsiona a correria, este, é de total silêncio e reflexão...mantenho a calma...e agradeço a Deus
pela VIDA, e existe bem maior que ela? Agora sim aprendi a lição, tive que
caminhar entre cacos de vidros para valorizar meus pés. Comigo, foi assim.