terça-feira, 12 de março de 2013

Texto Espírita sobre Aborto- O julgamento




Na sala de julgamento três juízes estavam a postos para a sessão. Com suas togas , cabelos encanecidos, os magistrados demonstravam seriedade e profunda compenetração para o julgamento que logo mais começaria.  Otaviano integrava a câmara de julgadores que teria a responsabilidade de decidir a questão. O casal, Vinicius e Rosa bateu às portas da justiça para a realização e um aborto. Durante a gestação, a mãe contraiu o vírus Varicella-zoster, doença altamente contagiosa e popularmente conhecida como Catapora, em conseqüência , o feto foi contaminado e a criança apresentará graves problemas de saúde. O filho de Rosa nascerá com sérias anomalias neurológicas e oculares, retardado mental  e motor e ainda com nicrocefalia ( crânio pequeno). Segundo parecer médico constante no processo, não havia prognóstico de cura para esses distúrbios. O pedido de autorização para o aborto já havia sido concedido pelo juiz da cidade onde residiam os pais, mas houve recurso do promotor, e a questão agora seria definitivamente analisada pelo Tribunal de Justiça.

Na sala de julgamentos. Além de Mário vemos a gestante e o marido, que aguardavam  ansiosos a decisão que e tomaria logo mais. Também se nota o comparecimento de diversos advogados e estudantes vivamente interessados no caso. O julgamento também despertava o  interesse do mundo espiritual. Diversos espíritos bem feitores  estavam presentes  procurando envolver os magistrados em pensamentos de luz e caridade. A mãe estava envolvida espiritualmente por Anacleto, seu anjo guardião. Sálvio e Abel também acompanhavam a assembléia de espíritos nobres que presenciaram o julgamento. Iniciada a sessão, o primeiro juiz a proferir o voto foi Ricardo Antunes Lopes.

Meus senhores, o Tribunal de Justiça é chamado a decidir um dos casos mais complexos de sua história. Confesso aos meus ilustres colegas que meditei muito a respeito do assunto perdendo varais noites de sono. E após longa reflexão concluí que o aborto deve ser concedido. Verificando o parecer médico,notamos que a anomalia fetal é gravíssima e, pior que isso, irreversível. Essa criança, se vier ao mundo, estará comprometida para sempre.Poderá ficar toda a vida atrelada a um leito, sem considerarmos ainda, a possibilidade de apresentar distúrbios mentais . Não há, pois, nenhuma perspectiva de vida útil para essa criança. Nascerá apenas para sofrer e fazer sofrer seus pais.Por que permitir que ele passem o resto da vida deles cuidando de um ser que apenas vegeta?Que sentido terá a existência para eles? Além do mais caro colegas -falou o juiz, bem convencido de sua posição-,não somos nós os que terão o encargo de cuidar dessas crianças, se assim podemos chamá-la. Se a própria mãe não que ter esse filho, se ela é quem terá obrigação de cuidar desse estranho ser, penso que o tribunal deve apoiar o seu desejo de ver interrompida a gravidez, autorizando o aborto imediatamente. É meu voto.

Em seguida , tomou palavra Otaviano olhado demoradamente para a mãe, o juiz iniciou seu voto:

-Bem relatou o eminente juiz Ricardo Antunes que o presente caso exigiu intensas reflexões. Acho que são respeitáveis os argumentos de Sua Excelência, mas  com eles não concordo, data vênia. Em primeiro lugar, devemos lembrar que a constituição Brasileira, a lei mais importante de nos país, contempla regra que assegura o direito à vida. O primeiro é mais importante de todos os direitos do homem é o direito à vida.  Conceder o aborto é violar esse sagrado direito;é dar autorização para matar o embrião, ceifando-lhe a existência, sem possibilidade de defesa .Penso que nem um outro direito pode se sobreporão direito à vida, a não ser se a gravidez importarem risco de vida para a própria  gestante, hipótese que a cada dia vem se tornando mais rara em fase aos avanços da medicina. Meu ilustre antecessor falou com razão, das enormes dificuldades que a mãe enfrentará para cuidar das crianças. È verdade. No entanto embora reconhecendo a elevada dose de renúncia e abnegação que se exigirá dessa mulher, temos de concordar que o foco do problema  não é esse. Não se põe na mesma balança o direito a vida do embrião e o direito a comodidade da mãe. A vida não é um bem menor em relação ao conforto materno. Pro acaso, se o primeiro filho dessa mulher viesse adoecer gravemente na adolescência , alguém pregaria o homicídio para aliviar os pais? Por certo, não! Então por que extinguir a vida do feto?

” Por um lado quem nos garante, com plena certeza, que a medicina amanhã não encontrará  meios de cura dessa enfermidade ! A ciência avança todos os dias , não sendo improvável que, mais sedo ou mais tarde, sejam descobertos  procedimentos de cura ou, pelo menos, meios que minimizem  o sofrimento alheio. Por outro lado, se eliminarmos os doentes, nenhum estímulo terão os cientistas para novas pesquisas, pois  só nascerão pessoas saudáveis. As dor estimula cientistas a procurar o remédio. Se não houver a dor , não haverá razão para novas descobertas. Devemos desenvolver uma cultura que valoriza a vida, não a morte. 

Por essas razões, meu voto nega a autorização pleiteada , a fim de que venha ao mundo essa criança e que ela cumpra a missão que Deus lhe confiou.

Terminado o voto a platéia sentia-se  envolvida com o julgamento deveras curiosa com o desfecho do caso. Como votaria o terceiro juiz? Chamado a pronunciar-se. Júlio de Castro Pereira iniciou o voto decisivo.
-Senhores, pouco me resta a dizer. Os dois magistrados que em antecederam analisaram a questão sob ângulos diversos. Cabe-me apenas, optar por um dos posicionamentos. Eu acompanho o voto do doutor Ricardo Antunes. Sua excelência apresentou razões práticas que recomendam a interrupção de gravidez .Deve ser prestigiada a vontade da mãe, dona de seu corpo, que não deseja dar a luz uma criança  invalida para o resto da vida. Meu voto autoriza o aborto. Esta encerrada a seção.

Diante da sentença favorável, a mãe deu um grito de liberdade. Sua alegria, porém contrastava com a aflição e o desespero de Rubens, o espírito reencarnante. Em pouco dias a gravidez seria interrompida, e Rubens daria inicio a mais um capítulo doloroso na historia de sua existência.
Texto do livro: Justiça além da Vida
Romance espírita de: José  Carlos de Lucca
Petit Editora e distribuidora Ltda
(P72, 73,74)  

·      
       Sem total noção dos fatos, por força do processo reencarnatório o embrião tem vida emocional própria. Segundo a doutora Marlene Nobre , o feto é um ser que sente emoções, experimenta prazer, dor, tristeza, angustia ou bem estar e tem um relacionamento intenso com a mãe sendo capaz de captar seus estados emocionais e perceber quais são os sentimentos de efetividade dela em relação a ele (Do livro O Clamor da vida, EE Editora jornalística Ltda., p41) (M.A.).                                        

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