quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Nossos Defeitos



"Como definir o limite em que as paixões deixam de ser boas ou más?
— As paixões são como um cavalo, que é útil quando governado e perigoso quando governa. Reconhecei, pois, que uma paixão se torna perniciosa no momento em que a deixais de governar, e quando resulta num prejuízo qualquer para vós ou para outro."
Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Pergunta 908.)


Procuremos focalizar neste capítulo os principais defeitos que têm sido para o homem os grandes impedimentos ao seu progresso moral. A nossa preocupação obviamente é esclarecer e colaborar de alguma forma, com o diagnóstico que, pessoalmente, cada um pode fazer dos defeitos que se acham mais acentuadamente incrustados no próprio íntimo. Muitos deles, às vezes, constituem verdadeiro obstáculo para nosso avanço evolutivo.

Sabemos que, conhecendo as características peculiares de cada um desses defeitos, será mais fácil identificá-los e combatê-los. Devido aos envolvimentos que obstruem a nossa consciência, temos, às vezes, reais dificuldades em decifrar as artimanhas e tramas inconscientes, muitas delas até sugeridas hipnoticamente pelos irmãos invisíveis, que se apoiam nas nossas fraquezas. E então, titubeamos, nos deixamos levar e nos desequilibramos.

Conhecendo nitidamente como se manifestam em nós o orgulho e a vaidade, a inveja e a avareza, o ódio e a vingança, o personalismo, a agressividade e a maledicência, a intolerância e a impaciência, podemos registrar mais rapidamente as ações de cada um deles e iniciar de imediato a luta interior para controlá-los, podando as suas interferências, bloqueando a sua propagação e diminuindo as suas consequências desastrosas. É condição de sucesso, numa batalha, conhecer o melhor possível os nossos inimigos, suas tendências e modos de agir, para não sermos tomados de surpresa e não sucumbirmos aos seus ataques.

"O preço da liberdade é a eterna vigilância", antigo ditado militar, aplica-se inteiramente à batalha que realizamos nos campos da luta íntima. Para estarmos libertos das investidas dos nossos próprios defeitos é imperioso que nos vigiemos sempre, conhecendo os perigos a que estamos sujeitos nas oportunidades em que cedemos terreno, abrindo brechas à sua livre ação.

Vamos conhecer melhor esses nossos defeitos, retratando bem as suas particularidades, localizando em nós as ocasiões em que estamos vulneráveis a eles e, assim, nos afastando dos momentos propícios às suas manifestações, para não sermos mais envolvidos pelos seus tentáculos, nem cairmos nas suas perigosas teias.

Evidentemente, para vencermos nossas más tendências e nossos defeitos, necessitamos daquela ferramenta muito importante: "a vontade". Já refletimos um pouco sobre a vontade e vimos que ela é a tradução do nosso "querer"diante de algum propósito. Quando queremos ou desejamos algo, movimentamos interiormente o impulso da vontade, que se caracteriza numa disposição de conseguir, de obter. Segue-se, então, o esforço que desenvolvemos nesse trabalho de conquistar o que idealizamos.

Verificamos, no entanto, que o nosso "querer", principalmente no terreno, dos ideais transformadores, quase sempre não passa de impulsos fugazes, passageiros, fracos e indecisos. Diante dos primeiros impedimentos, que são importantes testes para pormos em prova a nossa vontade, abandonamos a luta, largamos aquela ferramenta e caímos nos mesmos erros. Mas a queda está no início do aprendizado de qualquer um. Comparando-se a base de apoio dos seres humanos, bípedes, com a dos animais, quadrúpedes, vemos que, ao nos tornarmos eretos, humanos e racionais, a insegurança, até mesmo do equilíbrio físico, é uma condição própria do homem.

O homem cai quando começa a andar, quando ensaia os primeiros passos ao erguer-se sobre si mesmo, evoluindo da fase do engatinhar, imitação do quadrúpede, com pouca mobilidade e relativo domínio de si mesmo. O nosso processo de transformação progressiva é igualmente semelhante. Quando nos dispomos a ser melhores e a crescer espiritualmente, precisamos contar com as quedas, pois elas são parte da nossa experiência.
São elas que nos fortalecem a vontade, ensinando-nos a ter "persistência". São as quedas responsáveis pela continuidade da luta por realizar algo. Somos aquilo que realizamos e não o que apenas prometemos realizar. E é imprescindível, para nossa firmeza e segurança, aprender a cair, saber os riscos e perigos que corremos, conhecer as ameaças ao nosso equilíbrio, conviver conscientemente com aquilo que pode nos derrubar, pois, desse modo, tornamo-nos capazes de nos afastar de áreas movediças.

Somos, ainda, biologicamente frágeis e espiritualmente imperfeitos. Somos todos aspirantes ao equilíbrio, e o conhecimento é o meio de atingirmos nosso objetivo. Pedro de Camargo (Vinícius), em seu livro O Mestre na Educação, nos mostra, no capítulo 20 — "Querer é Poder?" - que: "Há muita gente que procura com afinco realizar seu 'querer', por este ou aquele meio, desprezando precisamente o processo seguro de êxito: o saber. Daí os fracassos, o desânimo, a descrença e o pessimismo de muitos".

E no final conclui: "Saber é poder, repetimos. Aquele que sabe, pode. Aquele que quer, e ignora a maneira de realizar seu 'querer', não pode coisa alguma". O que objetivamos é precisamente indicar a maneira de como realizar o combate aos nossos defeitos, superando os consciente e tranquilamente, com conhecimento de causa.

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