terça-feira, 12 de novembro de 2013

- SITUAÇÃO APÓS A DESENCARNAÇÃO

2.1. Perturbação da alma

"Extinguindo-se as forças vitais, o Espírito se desprende do corpo no momento em que cessa a vida orgânica; mas a separação não é brusca ou instantânea, por vezes começando antes da cessação completa da vida; nem sempre é completa no instante da morte.
Já sabemos que entre o Espírito e o corpo há um laço semimaterial que constitui um primeiro envoltório: é esse laço que não se quebra subitamente e, enquanto perdura, fica o Espírito num estado de perturbação comparável ao que acompanha o despertar." (Allan Kardec, Revista espírita: jornal de estudos psicológicos, 1859, 2. ed., p.133).
"A alma tem consciência de si mesma imediatamente depois de deixar o corpo?

Imediatamente não é bem o termo. A alma passa algum tempo em estado de perturbação.

O conhecimento do Espiritismo exerce alguma influência sobre a duração, mais ou menos longa, da perturbação?

Influência muito grande, por isso que o Espírito já antecipadamente compreendia a sua situação. Mas, a prática do bem e a consciência pura são o que maior influência exercem." (Allan Kardec, O livro dos espíritos, 77. ed., perg. 163;
165).
2.2. Amparo espiritual

O Espírito André Luiz, no livro Nosso Lar, psicografado por Francisco Cândido Xavier, relata a sua situação de sofrimento na região umbralina e a chegada do socorro de emergência que lhe foi prestado por cooperadores espirituais:

"Persistiam as necessidades fisiológicas, sem modificação. Castigava-me a fome todas as fibras, e, nada obstante, o abatimento progressivo não me fazia cair definitivamente em absoluta exaustão. De quando em quando, deparavam-se-me verduras que me pareciam agrestes, em torno de humildes filetes dágua a que me atirava sequioso. Devorava as folhas desconhecidas, colava os lábios à nascente turva, enquanto mo permitiam as forças irresistíveis, a impelirem-me para a frente.

Muita vez suguei a lama da estrada, recordei o antigo pão de cada dia, vertendo copioso pranto. Não raro, era imprescindível ocultar-me das enormes manadas de seres animalescos, que passavam em bando, quais feras insaciáveis. Eram quadros de estarrecer! Acentuava-se o desalento. Foi quando comecei a recordar que deveria existir um Autor da Vida, fosse onde fosse. Essa idéia confortou-me. Eu, que detestara as religiões no mundo, experimentava a necessidade de conforto místico.

Médico extremamente arraigado ao negativismo da minha geração, impunha-me atitude renovadora. Tornava-se imprescindível confessar a falência do amor-próprio, a que me consagrara orgulhoso.

E, quando as energias me faltaram de todo, quando me senti absolutamente colado ao lodo da Terra, sem forças para reerguer-me, pedi ao Supremo Autor da Natureza me estendesse mãos paternais, em tão amargurosa emergência. [...].

Foi nesse instante que as neblinas espessas se dissiparam e alguém surgiu, emissário dos Céus. Um velhinho simpático me sorriu paternalmente.[...]

Em seguida, chamou dois companheiros que guardavam atitude de servos desvelados e ordenou:

- Prestemos ao nosso amigo os socorros de emergência.

Alvo lençol foi estendido ali mesmo, à guisa de maca improvisada, aprestando-se ambos os cooperadores transportarem-me, generosamente." (André Luiz, Nosso lar, 51. ed., p. 23-24).

2.3. Sono reparador

No livro Além da morte, psicografado por Divaldo P. Franco, o Espírito Otília Gonçalves, que fora diretora da Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia, conta a sua surpresa na entrada da vida espiritual:

-"Surpreendi-me novamente fora do corpo, apesar de a ele estar atada por fortes cordões que não impediam que me distanciasse. Passei, então, a experimentar alívio novo e ouvi, emocionada, o murmúrio de preces intercessórias.
Nossas crianças e companheiros, em volta do caixão funerário, oravam pela minha alma, que se iniciava na grande viagem.
Procurei ajoelhar me acompanhando aquele culto de saudade, mas, antes que pudesse coordenar os pensamentos, leve sono venceu-me, vagarosamente, as fibras cansadas convidando-me ao repouso.

Perdendo-me em remoinho, eu sentia afrouxarem-se-me os músculos, ai mesmo tempo em que meus pensamentos mergulhavam nas águas escuras do esquecimento.
Embora desejasse acompanhar o desenrolar dos acontecimentos daquele instante máximo de minha vida, deixei-me arrastar pelo cansaço experimentando invencível torpor mental, enquanto recordava que a vida continua..." (Otília Gonçalves, Além da morte, p. 18).

2.4. Reencontro com amigos e familiares no Além


Allan Kardec, na Revista espírita: jornal de estudos psicológicos, do ano de 1859, esclarece sobre a possibilidade do desencarnado reencontrar-se com amigos e familiares no Plano Espiritual:

- "[...] à sua entrada no mundo dos Espíritos ele é acolhido pelos amigos que o vêm receber, como se voltasse de penosa viagem.
Se a travessia foi feliz isto é, se o tempo de exílio foi empregado de maneira proveitosa para si e elevou na hierarquia do mundo dos Espíritos, eles o felicitam.
Ali reencontra então, verdadeiramente, para ele, sua nova existência." (Allan Kardec, Revista espirita: jornal de estudos psicológicos, 2. ed., vol. 1, abril de 1859, p.133-134).
2.5. Desengano após a morte

No livro Voltei, psicografado por Chico Xavier, o Irmão Andrade - Espírito benemérito dedicado à Medicina, com quem Jacob teve a alegria de colaborar - faz comentários fraternos sobre a decepção dos irmãos desencarnados que esperam encontrar na vida espiritual o descanso no paraíso:

-"O Irmão Andrade, que me assinalava as mais íntimas apreciações, comentou o desengano de todas as criaturas que procedem da Terra esperando um céu de contemplações baratas, salientando que muitos Espíritos ociosos, na falsa apreciação da divina justiça, imploram indevido descanso no paraíso, à última hora da experiência terrestre, depois de haverem sorvido todos os venenos da alma, na taça do corpo.

Precipitam-se, então, nas trevas, revoltados no desespero e na indisciplina, além do sepulcro, logo que se capacitam da necessidade de continuação do esforço intensivo no auto-aperfeiçoamento." (Irmão Jacob, Voltei, 5. ed., p. 98).

C.E.F.

CHUVA POR ESTAÇÕES DO ANO CONFORME PERÍODO METEOROLÓGICO

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