VALE A PENA
LER ATÉ O FINAL!!!
Em um
momento inspirado, o autor do texto desabafou em uma comunidade de Direitos
Humanos no Orkut sobre o que é ser policial militar (pois criticavam os
policiais, só para variar). O texto é de uma pessoalidade ímpar e paradoxalmente
gera uma identificação imediata por qualquer PM. Soou quase como uma oração, por
isso se você é policial militar leia até o fim e diga se já não se encontrou em
alguma situação citada nestas linhas. Caso não seja PM, aconselho do mesmo modo
a leitura. Talvez assim entenda o quanto esta profissão é árdua.
- ANTES DE
SER POLICIAL CIVIL, EU FUI POLICIAL MILITAR;
- ANTES DE
SER POLICIAL MILITAR, EU FUI CARTEIRO;
- ANTES DE
SER CARTEIRO, FUI BOMBEIRO;
- ANTES DE
SER BOMBEIRO, FUI COBRADOR DE ÔNIBUS;
- ANTES DE
SER COBRADOR DE ÔNIBUS, FUI FUZILEIRO NAVAL;
- E ANTES DE
SER FUZILEIRO, FUI PALHAÇO DE CIRCO.
PARALELAMENTE
A ESTAS PROFISSÕES, SOU DESENHISTA DE QUADRINHOS E PROGRAMADOR DE JOGOS PARA
WEB, ALÉM DE LECIONAR HISTÓRIA QUANDO ESTAVA NA UFRN.
Como
desenhista de quadrinhos, ouço de alguns, SEMPRE, que sou um
desocupado.
Como
programador de jogos, ouço de alguns, SEMPRE, que sou um nerd
idiota.
Como palhaço
de circo, ouço de alguns, ATÉ HOJE, que aquilo é vida de
vagabundo.
Como
fuzileiro naval, ouvi de muitos, que fui um BONECO DO ESTADO.
Como
cobrador de ônibus, ouvi de muitos, que eu era um ladrão, por não ter, às vezes,
moedas de R$ 0,01 e R$ 0,05, para dar de troco.
Como
carteiro, guardo cicatrizes, para o resto de meus dias, de mordidas de cães e de
acidentes de trabalho, como atropelamentos, causados pelos "ZECAS" da vida, além
de ouvir DE TODAS AS MÃES COM AS QUAIS ME DEPARAVA, que eu era "O HOMEM DO SACO"
que iria raptar as criancinhas.
Como
bombeiro, NUNCA recebi um "obrigado", ao retirar um gatinho de uma árvore, nem
por mergulhar num esgoto, para salvar uma pessoa que foi levada por uma
enxurrada. Tive que aprender a me ACOSTUMAR com isso, além de começar a
compreender como a linha da vida é tênue e a matéria se desfaz por
besteira.
Como
POLICIAL MILITAR, enfrentei O MAIOR CHOQUE CULTURAL DE MINHA VIDA, ao ter de
argumentar com todo tipo de pessoas, do mendigo ao magistrado, entrar em todo
tipo de ambiente, do meretrício ao monastério.
Como
POLICIAL MILITAR, fui PARTEIRO, quando não dava tempo de levar as grávidas ao
hospital, na madrugada;
Como
POLICIAL MILITAR, fui psicólogo, quando um colega discutia com a esposa, diante
da incompreensão dela, às vezes, com a profissão do marido;
Como
POLICIAL MILITAR, fui assistente social, quando tinha de confortar A MÃE DE
ALGUMA VÍTIMA assassinada por não possuir algo de valor que o assaltante pudesse
levar;
Como
POLICIAL MILITAR, fui borracheiro e mecânico, ao socorrer idosos e deficientes
com pneus furados;
Como
POLICIAL MILITAR, fui pedreiro, ao participar de mutirões para reconstruir casas
destruídas por enchentes;
Como
POLICIAL MILITAR, fui paramédico fracassado, AO VER UM COLEGA IR A ÓBITO A BORDO
DA VIATURA;
Como
POLICIAL MILITAR, fui paramédico realizado, ao retirar uma espinha de peixe da
garganta de uma criança;
Como
POLICIAL MILITAR, fui apedrejado por estudantes da mesma escola na qual estudei
E FUI PROFESSOR, por pessoas do mesmo grêmio do qual participei;
Como
POLICIAL MILITAR, fui obrigado a me tornar gladiador em arenas repletas de
terroristas, que são os membros de torcidas organizadas, em jogos de times pelos
quais nem torço;
Como
POLICIAL MILITAR, sobrevivi a cinco graves acidentes com viaturas, nunca a menos
de 120km/h, na ânsia de chegar rápido àquela residência onde a moça estava sendo
estuprada ou na qual um idoso estava sendo espancado;
Como
POLICIAL MILITAR, fui juiz da vara cível, apaziguando ânimos de maridos e
mulheres exaltados, que após a raiva uniam-se novamente e voltavam-se contra a
POLÍCIA;
Como
POLICIAL MILITAR, fui atropelado numa BLITZ, por um desses cidadãos QUE POR MEDO
DA POLÍCIA, AFUNDOU O PÉ NO ACELERADOR E PASSOU POR CIMA DE VÁRIOS
COLEGAS;
Como
POLICIAL MILITAR, arrisque-me a contrair vários tipos de doenças, ao banhar-me
com o sangue de vítimas às quais não conhecia, mas que tinha OBRIGAÇÃO de TENTAR
salvar;
Como
POLICIAL MILITAR, arrisquei contaminar toda a minha família com os mesmos tipos
de doenças, pois ao chegar em casa, minha esposa era a primeira a me abraçar,
nunca se importando com o cheiro acre de sangue alheio, nem com as manchas que
tinha de lavar do uniforme;
Como
POLICIAL MILITAR, fui juiz de pequenas causas, quando EM MINHA FOLGA, alguns
vizinhos me procuravam para resolver SEUS problemas;
Como
POLICIAL MILITAR, fui advogado, separando, na hora da prisão, os verdadeiros
delinquentes dos "LARANJAS", quando poderia tê-los posto no mesmo
barco;
Como
POLICIAL MILITAR, fui o homem que quase perdeu a razão, ao flagrar um pai
estuprando uma filha, ENQUANTO A MÃE O DEFENDIA;
Como
POLICIAL MILITAR, fui guardião de mortos por horas a fio, sob o sol, a chuva e a
neblina, à espera do RABECÃO, que, já lotado, encontrava dificuldade para galgar
uma duna mais alta, ou para penetrar numa mata mais densa;
Como
POLICIAL MILITAR, fiquei revoltado, ao necessitar de um leito para minha esposa
PARIR, e ao chegar NO HOSPITAL DA POLÍCIA, deparar-me com um traficante sendo
operado por um médico particular;
Como
POLICIAL MILITAR, fui o cara que mudou TODOS os hábitos para sempre, andando em
estado de alerta 25 horas/dia, sempre com um olho no peixe e outro no gato,
confiando desconfiado.
Como
POLICIAL MILITAR, fui xingado, agredido, discriminado, vaiado, humilhado,
espancado, rejeitado, incompreendido.
Na hora do
bônus, ESQUECIDO;
Na hora do
ônus, CONVOCADO.
Tive de
tomar, em frações de segundo, decisões que os julgadores, no conforto de seus
gabinetes, tiveram meses para analisar e julgar.
E mesmo
hoje, calejado, ainda me deparo com coisas que me surpreendem, pois afinal AINDA
sou humano..
Não queria
passar pelo que passei, mas fui VOLUNTÁRIO, ninguém me laçou e me enfiou dentro
de uma farda, né? Observando-se por essa ótica, é fácil ser dito por quem está
DE FORA, já que minha opinião NÃO IMPORTA, ou que simplesmente, não
existe.
AMO O QUE
FAÇO E O FAÇO PORQUE AMO.
Tanto
que insisto em levar essa vida, e mesmo estando atualmente em outra esfera do
serviço policial, sei que terei de passar por tudo de novo, a qualquer hora, em
qualquer dia e em qualquer lugar.
E O FAREI, SEM RECLAMAR, NEM
RECUAR.
Fonte: Blog mazelaspoliciais.blogspot.com.br