segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A falta de fé de Madre Teresa



Cartas pessoais que ficaram guardadas a pedido de Madre Teresa tiveram seu conteúdo revelado recentemente, revelando aos adeptos e admiradores da Madre um lado bastante humano, apesar da imagem superior que ela transmite a todo o mundo.
Nessas cartas, Madre Teresa relata seu estado íntimo quando o assunto é sua relação com Deus.
Em uma de suas cartas, ela afirma, dirigindo-se ao reverendo Michael Van Der Peet:
“Jesus tem um amor muito especial por você. Enquanto que para mim, o silêncio e o vazio é tão grande que eu olho e não vejo, escuto e não ouço, a língua se move [em oração] mas não fala... Eu quero que você reze por mim”.
Em outra carta, ela pergunta: “Dizei-me, Pai, porque há tanta dor e escuridão em minh’alma?”
As cartas estão publicadas no livro “Madre Teresa, venha ser a minha luz” (em tradução livre), organizado pelo padre canadense Brian Kolodiejchuk, responsável pelo processo de canonização da Madre. O padre Brian lamentou que a revista Time houvera dado uma conotação de crise de fé para o que ele chama de prova de fé.
Antes de prosseguir e tirar nossas conclusões, que podem não coincidir com a realidade, é interessante lembrar a trajetória da Madre, e observar suas obras, antes de falar de sua fé.
Madre Teresa de Calcutá nasceu no dia 27 de agosto de 1910, na Albânia. Seu nome verdadeiro é Agnes Gonxha Bojaxhiu. Aos 18 anos iniciou sua vida religiosa na Irlanda. Alguns meses depois, expondo o desejo de se dedicar à beneficência na Índia, teve sua viagem autorizada. Então escolheu o nome de Teresa, como homenagem e inspiração de Terezinha de Lisieux.
Em 1946, aos 36 anos, durante uma viagem de trem, em contato próximo com a miséria da Índia, a Madre parte para seu retiro com a imagem dos famintos e miseráveis, e a partir daí inicia a tarefa que sempre desejou fazer: diminuir as necessidades sociais e espirituais dos indianos.
Em 1948 recebe a autorização para deixar as quatro paredes do Colégio de Santa Maria e viver com os pobres de Calcutá. Nos anos seguintes, com a adesão voluntária e admirável de ex-alunas da Madre, o mundo irá observar a chamada Congregação das Missionárias da Caridade expandir-se por muitas cidades da Índia, e logo após para vários países do mundo.
Seu exemplo arrasta – os exemplos sempre arrastam, nos diz Francisco de Assis – as opiniões de todo o mundo, o que a levou a ganhar o prêmio Nobre da Paz em 1979, aos 69 anos.
Em meio a todo esse trabalho de alcance social e espiritual inimagináveis, segundo suas cartas, ela sentiu-se sozinha, e duvidou de si mesma. Mais do que duvidar de Deus ou de Sua ajuda, ela sentiu insegurança com respeito a si mesma.
O trabalho, entretanto, seguiu inalterado.
Muitas outras personagens do Cristianismo e do Espiritismo mostram, em suas trajetórias iluminadas, momentos de dúvida.
Paulo de Tarso, em seu belíssimo sonho com Abigail e Jeziel, expõe, em silêncio, o que se passava em seu mundo íntimo. Abigail então pergunta: “Que é isso? Choras? Estarias desalentado quando a tarefa apenas começa?”
Eurípedes Barsanulfo, depois de conhecer a Doutrina Espírita, talvez hesitante quanto ao que fazer diante da percepção de horizontes tão mais amplos, recebe a ordem clara e precisa do espírito Vicente de Paulo: “Abandone, sem pesar e sem mágoa o seu cargo na congregação. Convido-o a criar outra instituição, cuja base será Cristo e cujo diretor espiritual serei eu e você o comandante material”.
Allan Kardec deixou claro, em seus escritos, o quanto teve de suportar, as críticas e os espinhos que tentaram atingi-lo durante a composição da Doutrina Espírita.
Nenhum deles, porém, desistiu da tarefa que abraçou, por considerá-la mais importante do que a clareza da percepção quanto à ajuda de Deus. Em outras palavras, era mais importante continuar a trabalhar, como se fosse o mais sagrado dever que assumiram, a aguardar mensagens divinas, em fatos insólitos, para confirmar que estavam no bom caminho.
Até mesmo Jesus, quando pediu a Deus que O afastasse daquele cálice, foi interpretado por alguns como tendo um momento de fraqueza, o que é uma opinião, esta sim, fraca.
Se os personagens aqui citados tiveram realmente momentos de falta de fé, agora isso tem pouca importância.
É mais significativa a observância de seus exemplos, que parecem ter sido a sustentação da fé que depositara no que fazia.

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