PERGUNTA — Qual o papel representado pela nossa Terra nesse processo
renovador?
RAMATIS — O papel das estações de repouso para onde o doente é conduzido ao
convalescer.
PERGUNTA— Não compreendemos como poderá haver estações de repouso no
panorama tumultuado do final dos tempos.
RAMATIS — Um organismo que se refaz, realmente, não está em repouso e sim em
processo intenso de renovação. A pausa refere-se somente às atividades habituais do exenfermo.
As atividades habituais do homem moderno voltam-se marcadamente para a conquista
de mais conforto material para si mesmo em detrimento do essencial para o próximo. Sob este aspecto, haverá pausa em suas atividades, pois não restarão lazeres para fabricar objetos de luxo numa época para a qual o pão de cada dia será a preocupação máxima. O espírito enfermiço que buscava sorver os venenos do egoísmo no plano material ficará em choque com a vida, que lhe negará a oportunidade de continuar a prejudicar sua evolução. Pausa obrigatória será imposta às civilizações materialistas, para, em grande parte, recorrerem ao sanatório em que o Brasil se verá convertido, posição esta que já começou a ser esboçada no panorama mundial desde as conflagrações anteriores.
Através da simbiose gradativa entre o psiquismo utilitarista do estrangeiro atormentado e a indolência poética e risonha do brasileiro, desperta repentinamente para novas realidades sociais, uma força renovadora deverá surgir — o panorama da Terra da Promissão em que o Brasil se verá transformado. Já não será a terra dos brasileiros mas o porto seguro da Humanidade conflagrada e infeliz em busca de novos rumos para a existência planetária.
As dificuldades coletivas, representadas pelo desajuste dos náufragos e pela mediocridade dos meios de seus hospedeiros, serão o dínamo que os impulsionará à fusão dos valores existentes em estado latente em seus espíritos. E essas mesmas dificuldades que tentarem tolher seus passos, funcionarão como o antídoto para os males que até então haviam alimentado. O desgosto causado pelas deficiências, então tornadas evidentes, estimulará o
cultivo dos bens até então desprezados. O estrangeiro contagiará o brasileiro com sua cultura
avançada e o brasileiro se sentirá estimulado a envidar todos os esforços no sentido de
cumprir sua missão, sobre a qual então não lhe restará a menor dúvida.
O tempo então se incumbirá de permitir que sejam realidade na terra do Cruzeiro as
doces palavras do Nazareno — "Bem-aventurados os mansos e pacíficos porque herdarão a
Terra"...